Nota zero para a Dez Propaganda
A referida agência do título foi contratada pela Rádio Atlântida para retratar o que pensa o ouvinte da emissora. Resultado: uma campanha preconceituosa, que mostra os adolesecentes como indíviduos sem nada de útil na cachola. Abaixo do título "Faça sua cabeça na Atlântida", é mostrada uma espécie de raio-x da cabeça de uma guria e de um guri. E o que pensa o ouvinte acéfalo da rádio... Na versão feminina: chapinha, cola de matemática, sério?, piercing, rave, tô gorda, chocolate, academia, senha do orkut, depilação, brincos, Gael García Bernal, pretinho básico, gato do Messenger, que roupa vou usar hoje à noite e, claro, Atlântida.
Admitir que o jovem não se preocupa com mais nada além de futilidades e que esse público ouve, por consequência, uma rádio que não acrescenta nada a ele é uma espécie de anti-propaganda. Pra que pensar no futuro e ver o jovem como um ser pensante, se ele é só um "aborrecente" mesmo?
De certa forma, a peça da Dez retrata como se formam os adultos de hoje: cada vez mais mal educados, mais sem gentileza, dirigindo de forma estúpida e irresponsável, preocupados apenas com os seus umbigos etc. Ignorar que pessoas abomináveis como essa se criam na adolescência é um grande erro. Cuidar da educação e da formação da visão crítica de crianças e jovens é vislumbrar a possibilidade concreta de um mundo melhor no futuro. Pena que a Dez e a Atlântida não pensam dessa maneira. Pena que os jovens ainda ouçam uma rádio que os considera vazios.
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E outra campanha, dessa vez da Gang, tacha os jovens de promíscuos. "Criarei um novo MSN só pras pegadas do verão", esse é o mote. Uma foto de dois casais na praia (todos só de calças jeans, sem a parte de cima), sendo que uma das gurias, já abraçada a um guri, apalpa a bunda do outro, completa o quadro.
Pessoas não são produtos que se "pegam" na prateleira de um supermercado. Ninguém valoriza mais ninguém, é isso? O que vale é beijar o maior número de bocas possíveis e transar com o maior número de pessoas possíveis? A campanha da Gang endossa o que a Atlântida pensa dos jovens, e vice-versa. É triste e revoltante. Parece que no mundo publicitário é mais fácil recorrer aos clichês do que pensar em algo mais crítico e criativo. Se eu ainda comprasse na Gang e ainda ouvisse a Atlântida deixaria de fazê-lo.